Saudades do passado, da liberdade que sentia, das férias do verão que já não são como antigamente. Saudades de percorrer, aquela pequena cidade a pé, de ir dar os bons dias aos tios-avós, com um beijo e um abraço, que me aqueciam o coração, saudades de me sentar nos Móveis, lá no escritório ao lado do tio-avô e do primo a ler o jornal e de esperar pela chegada do meu avô, para que depois fôssemos para casa a pé. A vida é feita de memórias, sobretudo das lembranças saborosas. Saudades de apanhar sacos e sacos de fruta, para ir distribuir pela família. Saudades da avó, que tinha alzheimer e que era tratada com muito carinho, saudades de lhe dar o lanche à colherada, de lhe dar uns beijos, enfim, saudades dos idosos e daqueles amigos que partiram cedo demais. Saudades de ir à missa, na Igreja onde fui baptizado e que hoje em dia tem pouca utilidade. Saudades dos passeios de bicicleta, de tratar das pombas quando lá estava, do chilrear das rolas, das galinhas, de ver as fracas, os faisões, das festas da cidade, da alegria do povo, saudades do empadão da Maria, do tempo em que tudo era tão diferente de hoje. Se aqui passeava pouco, por opção, lá era ainda mais livre.
E agora vou tentar dormir.
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